José Siebra de Oliveira, Setembro de 1964
(Publicado no Periódico da AABB do Crato, ano IX, num.
19)
Quem esta cobiçada fêmea?
Por ela, os machos lascivos lutam e
se matam. Cândida Afrodite, atrai como Frinéia. Pura Inês dos cristãos,
corrompe como Messalina. Pela posição de conquistá-la, os homens se debatem. Batalhas
ardilosas, difamadoras, sanguinárias.
Do seu sólio ansiosa, espera a linda Dulcinéia os
braços do vencedor, para melhor servir ao seu povo. Almeja o eleito porque ama
a multidão. Quer o bem comum. Nestas batalhas, com algumas exceções, sempre
vencem os voluptuosos. Os sábios, os prudentes, os honestos não lutam com
filhos de lobos ou raposas. Isso é mitologia.
Alguém venceu. Eis o homem! Eis o eleito!
Arrancou-a do palácio, que é o do Tesouro, e,
embevecido, esfomeado, ganancioso, carrega-a, como sua, para usá-la.
Ela se contorce, reboleia e grita. São lágrimas de
papel velho e amarrotado como o cruzeiro do Brasil, pelo qual anseiam santos e
pecadores.